quinta-feira, 19 de julho de 2012


Com a expansão da economia, empresas estão precisando cada vez mais de profissionais experientes e qualificados para atuarem na liderança e darem suporte às suas equipes. Como o conhecimento está valorizado, os bons profissionais estão parando de trabalhar cada vez mais tarde. Assim, é comum, atualmente, encontrar pessoas de 40 a 50 anos, dividindo as salas de espera da entrevista de emprego com os mais jovens, de 20.

Apesar de ainda existir muita discriminação por parte de algumas empresas, contra os chamados veteranos, esses profissionais mais experientes podem comemorar, pois nunca o índice de desemprego foi tão baixo para esta faixa etária.

Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos é 3,5 vezes maior que entre os profissionais de mais de 24 anos.

Valéria Torres, responsável pela unidade Sine (Sistema Nacional de Emprego do Rio de Janeiro) em Volta Redonda, disse que hoje em dia a procura de candidatos acima dos 40 anos tem sido maior, principalmente do sexo feminino. De acordo com ela, este aumento tem sido gradativo em razão do aumento das separações e das dificuldades de desemprego enfrentadas pelo casal. No caso dos homens não é tão difícil encontrar vagas já há algum tempo.

Ainda que haja empresas que tenham restrições em relação à idade, muitas estão preferindo contratar profissionais com cerca de 45 anos, conhecidos como perfil proativo. De acordo com informações do Ipea, entre as dificuldades encontradas nesta faixa etária estão a escolaridade e falta de qualificação. Mesmo assim, hoje em dia há mercado para todas as idades.

- Tem função dentro de indústrias, por exemplo, que emprega pessoas mais velhas para trabalhar, em razão da experiência que eles adquiriram. Para as pessoas que estão voltando para o mercado de trabalho na faixa etária de 45 a 60 anos, a receita é buscar qualificação na área que deseja ser contratada - sugeriu.

Com relação às vantagens de um profissional mais experiente dentro de uma empresa, Valéria afirma que em muitos casos faz a diferença, pois normalmente tem mais conhecimento em sua função do que um profissional mais jovem, outro fator importante é a vivência pessoal. Já a produtividade, vai depender da função que exerce. Tem trabalhador que fica até aos 50 ou 60 anos de idade exercendo determinadas funções dentro de uma empresa, mantendo um bom nível de produtividade como um funcionário mais jovem.

- Acredito que muitas empresas estão sendo mais sensíveis. Como no caso das que preferem a qualificação, do que pouca idade. Nos últimos anos, o número de aposentados que voltaram a procurar vagas no Sine tem aumentado. Na maioria das vezes para complementar a renda - completou.

Segundo Valéria, entre os setores que mais tem aproveitado profissionais com mais idade, se destacam as áreas do comércio, indústria e construção civil, em funções de seladores, atendentes de lojas e mercados, no setor de processo de produção dentro da indústria e em diversas funções dentro de um canteiro de obras.

Construção civil emprega profissionais acima dos 40
De acordo com Mauro Campos Pereira, presidente do Sinduscon (Sindicato das Indústrias de Construção e do Mobiliário do Sul Fluminense), na construção civil, o funcionário com mais idade não encontra obstáculo para conseguir emprego, onde é até bem solicitado.
Segundo Mauro, a vantagem de se contratar profissionais mais experientes depende da função, mas, na maioria das vezes, os profissionais acima dos 40 são mais responsáveis.


- Não tenho ideia de quantos profissionais acima dos 40 anos existem em Volta Redonda no setor da construção civil, mas posso afirmar que na minha empresa, cerca de 40% possuem mais de 30 anos. Na construção civil, eles não encontram dificuldades para trabalhar. Eu garanto - disse.
Quem também afirma que o setor emprega muitos profissionais mais velhos é o coordenador do Centro de Qualificação Profissional Aristides de Souza Moreira, Pedro Márcio de Assis, conhecido como Pedrinho.

A maioria das pessoas interessadas nos cursos são pessoas mais velhas, segundo ele, sendo que as mulheres representam 40% das inscrições e os homens acima de 40 anos representam 60% dos inscritos.

- Acredito que isso ocorre porque os jovens não se interessam pela construção civil, normalmente optam por um trabalho mais leve. Abrimos um curso de montador de andaime e percebemos que muitos jovens se interessaram, já na área da construção civil, aparecem pessoas mais velhas - conclui.

Pedrinho explica que o centro vai completar dois anos no dia 17 de julho, e neste período já foram formados 900 profissionais em construção civil. Sendo que o centro também realiza outros cursos em parceria com empresas de Volta Redonda nas áreas de mecânica; solda; mecânica industrial e caldeiraria além da construção civil, onde as turmas variam em carga horária de 160 a 400 horas, dependendo do curso ou da parceria.